
Nasci americano e, creio, vou morrer americano..
No transcorrer desta viagem insólita chamada vida, fui atleticano sim!
Contudo, não obstante minha paixão avassaladora pelo Galo das Gerais, o Galão da Massa, é no recôndito da minha alma, onde emergem sentimentos os mais diversos, com matizes distintas- sim; é lá mesmo, nas antigas veredas, que encontro a paz de nunca deserdar meu Coelho, pois sou LOCO POR TI AMÉRICA!!!!
Para resumir a ópera, nasci americano, haja visto que meu pai, do alto de seus quase 84 anos é americano. Após a separação dele com minha mãe, houve uma ruptura na minha formação caleidoscópica, ou seja, sob vários pontos de vista: moral, emocional, social, cultural, espiritual e , por que não dizer do futebol, a paixão nacional!
Não vou procurar aqui dar muita ênfase aos percalços que a vida me ofereceu. Para amenizar a dor do divórcio dos meus pais, meu padrasto”in memoriam”, veio com tudo, investiu várias fichas para que eu me tornasse atleticano. E foi dito e feito. Sua presença de espírito, seu carinho enorme por mim a ponto de me chamar de filho para vários de seus amigos foi o pontapé inicial para o meu ingresso como torcedor apaixonado pelo Galo. Foi uma época muito gostosa da minha vida, sobretudo nos anos 80 pelo qual meu time era um dos melhores do Brasil. Era muita emoção. Lembro-me até hoje que dormia com a camisa do galo que ganhara de aniversário- a tradicional preta e branca listrada na vertical. Dormia e usava-a tanto que o preto da listra tornou-se roxo, espécie de púrpura.
Os anos passaram, fui centenas de vezes ao Mineirão ver o Galo jogar, alguns jogos com o público maior que 100.000 espectadores e, alguns anos mais tarde, já com meus 19, 21 anos fui em dois jogos do alvinegro de Minas: em 1989 contra o Palmeiras no Parque Antárctica e, depois em São Januário ver meu time empatar com o Vasco da Gama por um tento a um. Emoções de sobra ver até então o meu time do coração ver jogar e, porventura brilhar.
O que aconteceu depois disto?
– Fui amadurecendo, perdi um pouco o contato com o futebol, dado que residi na América do Norte por quase quatro anos. O foco lá era bem contrastante – estava lá para aprender de Deus. Quando regressei ao nosso país, já tinha 31 anos e vivi muitas coisas que colaboraram para sedimentar minha vida, emoções e experiências. Surgiu aí uma espécie de auto-introspecção. Ali havia percebido que futebol é muito gostoso sim e que precisamos momentos de lazer, alegrias, emoções.
Durante a faculdade de Jornalismo e mesmo depois, pude vivenciar e refletir no que realmente me fazia feliz. Em hipótese alguma estou enfatizando aqui o futebol, embora não esteja tampouco descartando-o.
Aprendi que não sou obrigado a dar satisfações sobre a minha preferência de clubes; ao invés disso posso brincar de forma leve e descontraída sobre tais questões.
Descobri também que temos muito mais de nossos pais que possamos talvez imaginar.. dada essa consciência, e mais, sem muita explicação- a única que acho plausível é o amor que sinto pelo meu pai- sinto-me cada vez mais americano.
Finalizando esta crônica, tenho uma paixão incrível pelo Clube Atlético Mineiro, todavia, SOY LOCO POR TI AMÉRICA!
Gracias.