A cura.

Fui nascido o caçula de quatro irmãos. Aos cinco anos de vida, meus pais se divorciaram. Minha mãe casou-se de novo; meu pai idem.

Cresci, não obstante a separação dos meus pais, de forma livre, leve e lúdica. Brincava o tempo todo, tinha vários colegas e uns dois amigos.Mais que isso, fui crescendo e me desenvolvendo como um indivíduo extremamente organizado, disciplinado e determinado. Creio que as agruras e os traumas provenientes do divórcio deles não me abalaram tanto.

Fui o primeiro aluno de turma por cinco anos seguidos. Com 10 anos de idade, minha mãe teve a feliz ideia de me matricular no curso de basquete do melhor clube de Belo Horizonte. Comecei a treinar com afinco e, após um ano já estava conquistando o Troféu “Atleta Destaque do Minas Tênis Clube”, dentre 94 participantes do torneio interno do clube. Este fato só corroborou o fato que eu tinha um enorme talento não só para os estudos, bem como para os desportos. E haja emoção!!!

Você, caro leitor, pode estar indagando o porquê de estar voltando no túnel do tempo.. – A Resposta pode soar não muito simples, mas é.

O que aconteceu foi que eu possuía auto-estima altíssima e as coisas fluiam para mim naturalmente, sem muito esforço. Parecia que eu era um predestinado!

Não pensava sobre isso, mas sentia muita paz interior que me concedia o beneplácito de estar sempre tomando atitudes e decisões de forma bastante ativa.

O que houve depois?

Esta é uma pergunta que não quer calar, pois tento evitá-la ao máximo amedrontado, talvez, de descobrir a verdadeira gênese do problema.

De lá para cá muita coisa mudou, já não sou o carinha brilhante de outrora, já não sou tão percebido de forma espontânea e natural. Tento utilizar de diversos meios, melhor, subterfúgios para justificar minha ausência de auto-estima, medo, acomodação e até mesmo balizar minha fé em um Deus que muitas vezes me deixou atordoado. Claro que esse não era o Deus Todo-Poderoso que me resgatou das trevas algumas vezes e fez reequilibrar minha auto-estima e auto-confiança.

Uma coisa é certa, além da morte, é claro: temos que fazer o melhor, sem importar a quem. A lei da semeadura já não funciona tão bem comigo, embora saiba que ela é verdadeira. Acho, para não dizer ter certeza, desviei-me por caminhos tortuosos, que no fim levam a caminhos de morte…!

Apelei para psiquiatras, psicanalistas, líderes de igrejas.. parecia que nada funcionava mais comigo..

O que me mantêm vivo é o fato de, além de ter dois filhinhos, a certeza que vou resgatar o tempo perdido – olhando para dentro de mim , meditando, tentando lembrar-me quando o martelo virou para o outro lado, enfim, ter a esperança de que dias melhores virão.

E um recomeço desta longa e árdua viagem é a busca incessante do que me traz alegria e esperança; esperança não de ser mais aquele menino notável, mas sim de poder amar-me e aceitar-me novamente. E a ferramenta que utilizei para tal fim foi minha iniciativa de escrever, ou seja, tirar do porão tudo que está mofado, obsoleto, sem valia e limpar minha casa, na verdade, minha vida..

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